3 de julho de 2008

Maracanaço 2: Fluminense é vice na Libertadores

Se considerarmos alguns pontos do jogo final da Libertadores, podemos até pensar que não pode ser comparado à épica final da Copa de 1950. Afinal, naquele dia haviam 150 mil pessoas no Maracanã, ou seja, quase o dobro do que foi ontem no jogo do Fluminense. E entendam, eu não estou dizendo que a torcida não compareceu. Até porque se eu estivesse dizendo isso, teria que voltar para a escola e aprender a fazer contas de novo.
Voltando a falar do jogo, não teve a mesma dimensão da final de 1950. Mas guardadas as proporções, a emoção, o clima de "já ganhou" e o drama no final da partida foi o mesmo.

O Fluminense precisava vencer por 3 gols de diferença para ser campeão sem precisar disputar os pênaltis. O que não seria mal negócio porque historicamente, os times brasileiros sempre se deram muito mal quando precisavam disputar alguma coisa nos pênaltis.

A missão já não era muito fácil, e ficou ainda mais difícil aos 5 minutos do primeiro tempo. O gol feito por Bolaños obrigava o time carioca a vencer por 4x1. E pelo que o Fluminense apresentou nos minutos iniciais, e principalmente pelo gol perdido por Washington, parecia que seria uma missão impossível. Mas aos 12 minutos começou a brilhar a estrela daquele que seria o destaque do jogo no tempo normal. Thiago Neves chutou de fora da área e empatou o jogo.

O Fluminense tinha muita dificuldade para enfrentar a defesa da LDU, apesar de que às vezes os zagueiros do time equatoriano tentavam jogar argentinamente, ou seja, queriam sair jogando. E zagueiro do estilo beque de roça quando resolve sair jogando já viu né...

A zaga do Fluminense também não deixou barato. O Thiago Silva só não entregou o jogo porque tinha um preparo físico invejável ganhava na corrida dos atacantes da LDU na maioria dos lances. Parecia que os jogadores não estavam entendendo muito bem a importância do jogo que estavam disputando.

Mas o ataque do Fluminense estava bem atento. Se aproveitaram de um trecho da regra que os equatorianos esqueceram de ler e que diz que em arremesso lateral não tem impedimento. Junior César cobrou, Cicero recebeu e cruzou na área para Thiago Neves, que virou o jogo. O Dodô é que não deve ter gostado nada dessa história. Ele já estava na beira do campo, prontinho pra entrar, mas o Renato Gaúcho chamou ele de volta para o banco depois do gol.

Depois desse gol, a arbitragem começou a se destacar. O senhor Héctor Baldassi, argentino, que já não estava se saindo muito bem no jogo, deixou de marcar um pênalti para o Fluminense. E não foi um pênalti daqueles duvidosos... Foi gritante. Washington foi atropelado na área.

Aí vai ter gente dizendo "árbitro argentino apitando jogo de time brasileiro ia acabar roubando pro outro time!" Mas não é bem assim. Ele errou nesse lance sim, mas também prejudicou a LDU em outro lance que veremos mais tarde.

O tempo foi correndo, e entre ataques do Fluminense e trapalhadas das duas defesas aventureiras, veio o segundo tempo. E Dodô entrou. Mas não fez grande diferença no jogo. Acertou uma bola na trave, é verdade. Mas como diz aquela música do Skank, "bola na trave não altera o placar".

Quem fez a diferença mais uma vez foi Thiago Neves. Ele cobrou uma falta que definitivamente não foi uma das mais bem cobradas que eu já vi. Mas fez o gol e é isso que importa.

Com 3x1 no placar e precisando fazer mais um gol o Fluminense foi pra cima, certo?!

Errado! A LDU, que até o momento tinha a atitude mais argentina possível, ou seja, procurava qualquer coisa pra retardar o jogo, resolveu ir pra cima do Fluminense e acabou a moleza! E quase fez o gol. A trave impediu. O Fluminense também quase fez o gol aos 47 minutos do segundo tempo, com Thiago Neves. Mas não teve jeito. O jogo foi para a prorrogação.

E na prorrogação os dois times se mataram mas não conseguiram fazer nada nos 30 minutos.

Pra falar a verdade, conseguiram sim. A LDU fez um gol no segundo tempo da prorrogação. Mas lembram do erro que prejudicou o time equatoriano que eu tinha falado? Pois é... o juiz anulou um gol legítimo da LDU. Bom pro Fluminense, certo?! Nem tanto. Se fosse, esse artigo não teria o nome Maracanaço.

A decisão foi para os pênaltis.

Urritia fez o primeiro da LDU.
Conca bateu e errou.
Campos bateu e também errou.
Aí veio Thiago Neves. Ele estava bem no jogo, fez os 3 gols. Todo mundo pensava que ele ia acertar. Mas essa é outra coisa que aprendi no futebol. O cara que se destaca no tempo normal quase sempre erra o pênalti. Se tivesse valido a primeira cobrança, ele teria feito o gol, mas o goleiro Cevallos resolveu ter uma conversa com o juiz bem no momento em que o camisa 10 tricolor corria para a bola. Na repetição, o goleiro defendeu.
Salas, Cícero e Guérron acertaram suas cobranças.
Washington foi bater. Outra coisa que também acontece. Destaques de um time que não jogam bem também costumam errar pênaltis. E foi o que aconteceu.

Festa da LDU no Maracanã. A certeza do título do Fluminense era tão grande que fizeram até papel picado nas cores do time carioca. Sobrou apenas o clima de maracanaço e a lembrança de que ainda tinham uma situação ruim no brasileirão para reverter.

Lamentação. Foi o que sobrou do Fluminense

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