Estamos vivendo um momento histórico. Nunca houve no país um índice de aprovação tão baixo a um presidente como agora. Em tempos em que o impeachment é assunto corrente, vale ressaltar que, nem mesmo Fernando Collor, primeiro presidente da história do país a ser impedido de exercer cargos políticos, chegou a um dígito nesse índice. Há quem queira contestar esse número. Defensores ferrenhos de Dilma e do PT.
Entendam, eu não sou contra o PT. Nem a favor. Acho que ser pró ou contra um partido é uma tremenda burrice pois, no fundo, são todos iguais. Porém, não há como não citar o PT, pois é o partido da situação. Enfim... Continuemos.
Falam-se em várias formas de intervir nos rumos que o país está seguindo. E não há um consenso em decidir qual seria a melhor maneira de salvar a pátria (sim, no sentido literal da palavra). Particularmente ainda me sinto meio perdido em meio a tanta panfletagem. Acredito que hajam centenas na mesma situação.
Não sou nenhum especialista, mas vou esclarecer um pouco sobre as "soluções", e as possíveis consequências, segundo o meu ponto de vista e as leituras que fiz recentemente. Tentem não entrar em pânico.
Impeachment: Mais segura, não menos obscura. O primeiro caso de Impeachment no Brasil nos deu dois anos de segurança seguidos de oito anos de FHC e os tucanos. Dessa época, lembro-me do meu pai perdendo emprego em pelo menos duas oportunidades. A grande desvantagem que temos em relação àquela época são os vice presidentes. Na era Collor, o vice era
Itamar Franco. Hoje, é
Michel Temer. Não querendo evitar trocadilhos infames, mas o sobrenome de ambos já diz muito do que se precisa saber sobre eles.
Vamos ignorar este fato...
Ainda há de se considerar o fato de que um impeachment não irá destituir o PT do poder (antes de criticar, volte ao segundo parágrafo). E se o impeachment de um presidente já é algo difícil de ocorrer, do vice é praticamente impossível.
E outra... A queda de Dilma e a entrada de Michel Temer se não viesse acompanhada de uma reforma geral nos demais cargos e na visão política e econômica do país, não mudaria absolutamente nada. Ou seja: na prática um impeachment não traria qualquer benefício a não ser o de levantar a auto estima do povo brasileiro.
Intervenção Militar: É uma opção que tem muitos adeptos atualmente. Há muitas divergências em relação a essa abordagem. A mais recente que eu li está
aqui. Pelo pouco que eu entendi até agora, não há forma constitucional das forças armadas intervirem em favor do povo. Eles estão a serviço da nação, sim. Mas são diretamente subordinados à presidência. Portanto, não há possibilidade de que eles intervenham sem que isso seja considerado um golpe. E certamente, isso nos levaria ao próximo item.
Regime Militar: Também conhecido como ditadura.
Na teoria dos mais indignados, a intervenção militar destituiria os atuais governantes dos seus cargos e colocaria no poder pessoas competentes. A teoria é muito linda...
Na prática, quem seriam essas pessoas competentes?! Eu não sei. Você, que está lendo, também não sabe. E as forças armadas, você acha que sabem?!
Bom, na prática, o que teremos é um novo regime militar. Foi exatamente o que aconteceu na "intervenção militar" de 1964. Leiam um pouco
aqui e pensem se a situação não lhes parece familiar.
A ditadura acabou em 1985. Eu nasci dois anos depois e não vivi essa época. Acredito que dê pra contar nos dedos pessoas que tenham boas lembranças do regime militar. Se é que existem.
Não vou iludir ninguém. O momento é crítico. E não importa o que aconteça nos próximos dias, ninguém vai conseguir mudar o Brasil de uma hora pra outra. Creio que, de fato, nenhuma das alternativas anteriores trará grandes benefícios ao brasileiro. E quem pensa diferente, no meu entender, não tem muita noção do que está acontecendo.
Há de se lembrar; A presidente, embora seja o representante maior do país, não é o único. E nem todos temos acesso a ela. E quem acha o contrário precisa conhecer um pouco melhor a estrutura política do país.
O brasileiro está revoltado. E precisa mostrar isso. Mas diariamente, e da forma correta. Façamos nossa indignação chegar às autoridades maiores por meio de quem tem acesso a elas, ou seja, as autoridades menores. Sejamos "chatos" com eles todos os dias, para que eles tomem providências mediante as autoridades maiores.
E se de tudo, não conseguirmos mudar nada nos próximos dois anos, é hora de começar a mostrar, mais uma vez a indignação. Desta vez, nas urnas. Caso contrário, toda essa insatisfação, para aqueles que deveriam nos representar, não será nada além de mais uma baderna.